4 a 5 anos Vocabulário
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Ampliando o vocabulário

As crianças dispõem de termos cada vez mais abstratos para as atividades cognitivas (sobre o espaço, os atributos, o pensar etc.) e para os sentimentos.

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Falar de pensamentos e sentimentos

Entre 4 e 5 anos, a criança começa a utilizar termos abstratos para expressar pensamentos e emoções

A criança já faz suposições

E expressa seus pensamentos

C: ...e a Chapeuzinho Vermelho vai pelo caminho mais curto. Ruth: Não, não! Acho que a Chapeuzinho vai pelo caminho mais longo!

Desenvolve-se a teoria da mente

A criança confere a si e aos outros a capacidade de pensar e sentir

Ruth sabe o que é pensar? Os especialistas dizem: Entre os 4 e os 5 anos as crianças atribuem a si mesmas e aos demais a capacidade de pensar (o que se denomina a “Teoria da mente”). Começam nesse momento a usar muitos verbos que se referem a processos mentais (como lembrar, pensar, acreditar, imaginar, etc).

A criança expressa suas emoções

E compreende que as pessoas têm pensamentos e sentimentos próprios

Os especialistas dizem: Essa capacidade lhes permite expressar e compreender melhor os estados internos próprios e alheios. Vejamos uma lista dessas expressões usadas na interação com os pais e os professores.

A criança compreende cada vez melhor os seus sentimentos

E a relação entre pensamentos que geram sentimentos

É verdade! Cada vez entende melhor as emoções. Os especialistas dizem: Por volta dos 4 ou 5 anos, as crianças começam a entender que o que gera as emoções são as crenças (ainda que sejam falsas). Ruth: Fiquei triste, porque pensei que não viria.

Os adultos contribuem com o desenvolvimento das categorias psicológicas pelas crianças

Aspectos lexicais presentes na linguagem do adulto facilitam essa aprendizagem

Os especialistas dizem: A linguagem que os adultos usam quando falam com as crianças contribui para o desenvolvimento das categorias psicológicas. Vamos ver quais aspectos do léxico contribuem para isso: • frases relativas a sentimentos e emoções que utilizam a expressão que: “Ela acredita que tem ciúmes”; • predicativos volitivos, com verbos como desejar, querer, sonhar, etc.; • verbos que nomeiam atividades cognitivas, como saber, pensar, crer, suspeitar, inferir, etc.; • verbos modais, como poder, ter que, ser possível, etc.; • nomes e adjetivos sobre aspectos emocionais, como triste, preocupado, surpreso, etc.; e • verbos que nomeiam a fonte de informação, como ver, observar, ouvir, escutar, sentir, saber, etc.
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Como é?

A criança precisa ter domínio das características dos objetos e um contato frequente com os termos que o qualificam

A criança entende quando lhe perguntamos “Como?”

Vamos descobrir

Como é este animal?

As crianças compreendem os adjetivos?

O que elas sabem sobre as qualidades dos objetos

Pode responder à pergunta “Como é”? Os especialistas dizem: Para responder a essa pergunta as crianças têm de conhecer muitos adjetivos. Os adjetivos são as palavras que se referem às propriedades dos objetos, como o tamanho, a forma, a cor, a textura, etc. “É magrinha e morena, com o cabelo encaracolado”

Para a criança é difícil utilizar adjetivos

Há uma distância entre compreender e saber usar

Os especialistas dizem: Os adjetivos estão entre as primeiras palavras que as crianças entendem, mas os usam com dificuldade, inclusive na idade pré-escolar. Os estudos mostram que: • são mais difíceis de aprender que os nomes; • podem ser incorretamente interpretados (e utilizados) como nomes contáveis; e a proporção de seu uso na linguagem infantil é muito menor do que na dos adultos.

A criança aprende a generalizar adjetivos familiares

Adjetivos pouco frequentes são mais suscetíveis a um emprego incorreto

Mãe: É um cachorro carinhoso… Menino: Meu gato também é carinhoso.

Como as crianças aprendem a utilizar os adjetivos?

As situações comparativas favorecem o uso de adjetivos pelas crianças

E como aprendem os adjetivos? Os especialistas dizem: Os adjetivos são mais fáceis de aprender quando usados em situações comparativas (pares contrários), nas que se referem a propriedades bastante perceptíveis: • grande/pequeno • alto/baixo • mole/duro • frio/quente • vazio/cheio Quando os adjetivos são familiares e aprendidos junto aos substantivos, é mais provável que as crianças se recordem deles e generalizem o seu uso. Mas quando não são frequentes, podem cometer erros.
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Preposições e organização do espaço

O emprego de preposições pela criança em situações de organização do espaço

A criança responde onde estão as coisas

Emprega preposições em suas frases

Narradora: Onde estão as fotos? C: Na estante, entre as histórias.

Compreende conceitos espaciais complexos

O uso da língua e a organização do espaço

Me explica muito bem onde estão as coisas. Os especialistas dizem: As crianças entendem conceitos espaciais cada vez mais complexos. Esse desenvolvimento está relacionado com suas capacidades cognitivas de organizar o espaço e com os usos de sua língua.

Aos 4 anos a criança adiciona novas preposições ao seu vocabulário

Uma evolução do uso dessas palavras no tempo

Os especialistas dizem: Clenice (2/3 anos) já compreendia: Em, sobre, abaixo... Nélson (3/4 anos) adicionou os conceitos de: Acima, em cima, embaixo... Ruth, com mais de 4 anos, adiciona a seu vocabulário preposições locativas e direcionais novas: Entre, junto, ao redor...
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Novos campos semânticos

A criança amplia seu campo semântico, compreendendo e utilizando termos abstratos na construção de seu discurso

A conquista de novos campos semânticos

O que isso significa em termos de aprendizagem

C: Mamãe, você vai votar?

Novas palavras em seu discurso

A criança compreende e emprega termos abstratos

Ruth me surprende quando usa algumas palavras. Os especialistas dizem: Agora já podem: • usar um vocabulário cujo significado vai além da referência do contexto; • aprender o significado a partir das definições; • compreender termos abstratos; e • começar a entender a linguagem figurada.

A criança se interessa pelo significado de nomes e adjetivos pouco frequentes

Palavras que compõem categorias abstratas

Os especialistas dizem: As categorias abstratas podem ser encontradas em nomes, como “folhagem”, “prefeito”, “amizade”; e em adjetivos pouco frequentes e não observáveis, como “fiel” e “tenaz”. Por exemplo: Se falamos de muitas folhas no jardim, não haverá problemas, mas se empregamos a palavra folhagem em muita folhagem, certamente as crianças perguntarão O que quer dizer folhagem?

A criança começa a se interessar pelos registros escritos

Quanto maior o contato, maior o interesse pela escrita

Cada vez se interessa mais pelas letras e pelos números. Os especialistas dizem: Nessa época é muito proeminente o interesse pelas unidades do escrito. As crianças, que em casa e na escola frequentam o escrito, se perguntam sobre as unidades dos textos e começam a dominá-las.

O nome próprio é a primeira referência de escrita estável e significativa para a criança

As crianças começam a refletir sobre a escrita das palavras

Os especialistas dizem: Costumam identificar as letras a partir da escrita de seu nome e de algum outro nome próprio muito conhecido. “É minha letra” (sinalizando o R). “É o pê, de Pedro” (sinalizando o P). Reconhece alguns números escritos, mas outros dizem que são letras.

Quantos são?

A criança responde contando

Menina: Um, dois, três, cinco, seis, sete, nove, dez, doze e catorze. Professora: Quantos? Menina: Um, dois, três…

A criança aprende a contar antes de quantificar

A criança usa o número como nome

Os especialistas dizem: Recita os números sempre na mesma ordem, podendo não ser a correta. Sabe contar relacionando um número a cada elemento. Ainda é difícil para eles entenderem o princípio da cardinalidade: que o último número utilizado na conta indica a quantidade final. Frequentemente, quando lhes perguntamos quantos objetos há em um conjunto depois que o contaram, não dizem o número final (cardinal), mas voltam a contar todos os elementos.

Ler antes de saber ler

“Ler” de memória uma história conhecida

C: Você pode ler a história dos três porquinhos?

A criança aprende muito no contato com a diversidade de textos escritos

Além de histórias, poemas, informações, vocabulário, entra em contato com a linguagem característica dos textos, os elementos que os compõem e a forma escrita das palavras

Cada vez usa mais palavras para falar do escrito. Os especialistas dizem: Sim, além das unidades, letras e palavras, a linguagem escrita possui suportes – uma história, um livro, um rótulo – e está associada a novas ações: ler, escrever, recitar... O texto tem partes: título, início, fim...

O desenvolvimento do vocabulário se expande aos 4 anos

A criança passa a falar de pensamentos e emoções e a se interessar pelos textos escritos

Em resumo: As crianças de 4 a 5 anos seguem aprendendo nomes, verbos, adjetivos e palavras funcionais. Muitas dessas novas palavras se desenvolvem paralelamente ao desenvolvimento cognitivo em diferentes âmbitos (pensar sobre si mesmo e sobre os demais, organizar o espaço) e à interação com instrumentos culturais (números, linguagem escrita...).