4 a 5 anos Discurso
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Aprender a falar para se comunicar

Quais as competências necessárias para o uso da fala em relação à ação, ao contexto e à interação social.

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Entende a intenção

A criança compreende que há uma intenção para além do discurso dito

A criança recebe uma advertência

É capaz de compreendê-la?

Mãe: Assim vai derrubar o suco de laranja.

A fala do adulto reflete na ação da criança

A criança já entende a intenção da fala do adulto

Nesta manhã, Ruth estava batendo na mesa e eu lhe disse: “Assim vai derrubar o suco de laranja”. Ela parou de bater antes que eu lhe pedisse. Os especialistas dizem: Sim , ela entende a intenção, pois relaciona o falar com o fazer. A advertência da mãe produz um efeito sobre sua ação.

Construindo significados

Além da fala, a compreensão da intenção implícita no discurso

N: Para compreender os outros não basta entender as palavras, certo? Os especialistas dizem: Realmente, o significado se constrói a partir da fala e da compreensão das intenções. Avó: Ruth, você fala pelos cotovelos!

Atos indiretos da fala

Expressões que não dizem explicitamente sua intenção

Os especialistas dizem: Por exemplo, quando dizemos: “Você sabe que horas são?” Não perguntamos sobre o que conhece das horas, mas estamos pedindo uma informação. Ou quando dizemos: “Você tem um pouco de tomate na bochecha.” Na verdade não estamos dando uma informação, mas incitando a que se limpe. Quando não há correspondência entre a forma e a intenção, trata-se de um “ato indireto”. Estes são mais difíceis de interpretar do que os diretos.
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Atos de fala

Opinar, ordenar, perguntar, cumprimentar... competências de um bom falante

As crianças dizem muitas coisas diferentes!

Já dominam a linguagem?

C1: Pra mim, parece quente! C2: Toque na testa dele. C3: Você vai adorar!

As crianças realizam atos de fala

Vamos descobrir o que isso quer dizer

Os especialistas dizem: Quando Ruth fala, não emite apenas sons. Também realiza outros atos, como ordenar, advertir, prometer, pedir ou dar informação, perguntar, expressar cortesia ou solidariedade, impor uma opinião – o que nomeamos como “atos de fala”.

A criança relata uma experiência vivida

Expressa emoção ao se sentir ameaçada

Ruth: Então ela me disse: “Se você não me deixar andar de bicicleta, não vou ser mais sua amiga”.

A ameaça é um tipo de ato de fala

Uma promessa para o futuro

E a ameaça, que tipo de ato de fala é? Os especialistas dizem: Igualmente aos pedidos ou às ordens, as ameaças dirigem a ação. As ameaças representam um compromisso do falante sobre o futuro, como uma promessa ou um pacto. A ameaça pretende mudar a conduta do interlocutor.

O discurso da criança tem um compromisso com a realidade

Para não dar margens a falsas interpretações

Os especialistas dizem: As crianças dessa idade compreendem que, às vezes, devem ser fiéis à verdade. Por exemplo, quando se diz “Está nublado”, se não for verdade, o interlocutor pode pensar que há outra intenção que não seja a de informar o tempo ou, ainda, que foi dito algo errado. Neste caso, o adulto pode retificar; “Não está nublado, é fumaça.”

Muitas aprendizagens envolvidas no ato de se comunicar

A criança já domina a linguagem

Em resumo: Aprender a se comunicar não implica apenas aprender as palavras, mas também as intenções dos atos diretos ou indiretos e aprender a se adaptar ao contexto e ao interlocutor.
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Adaptar a linguagem à situação

A criança aprende a ajustar sua fala considerando a ação, o contexto e a interação social

A criança emprega expressões de cortesia

Como aprendeu a fazer isso?

C: Bom dia! O último, por favor? Senhora: Eu mesma, linda!

Já conhece e utiliza expressões de cortesia em seu discurso

Formas de abordar o interlocutor

Os especialistas dizem: A cortesia constitui uma forma de compreender e produzir determinadas formas linguísticas que são utilizadas pensando em possíveis reações do ouvinte e, portanto, refletem a sensibilidade do falante à perspectiva do outro.

A criança aprende formas de cortesia

O adulto a ensina a adaptar sua linguagem às diferentes situações

C: Quero uma maçã! Mãe: Como se diz?

A criança aprende formas de cortesia

Na interação com o outro, em diferentes contextos

N: Eu a ensino a ser cortês. Os especialistas dizem... Aprender “o que se diz” em certas circunstâncias. A cortesia faz parte da capacidade de se comunicar e de se adaptar o discurso às necessidades ou à idade de quem escuta.

A criança ainda faz interpretações literais

Por que isso acontece?

A criança não compreende a ironia

Uma expressão que camufla o que quer dizer

Mas há certas expressões em que Ruth entende apenas uma parte! Os especialistas dizem: Porque se trata de falar com ironia. A ironia é um dos atos de fala indireta mais difíceis de serem compreendidos! Trata-se de uma oposição entre o enunciado literal e o significado que o falante quer transmitir.

Entendendo a ironia

Algumas características

Os profissionais dizem: A ironia é parecida com enunciados não reais (contrafactuais, como “os elefantes que voam”) e os exageros.

A criança aprende a se comunicar

Adaptando o seu discurso

Em resumo: Neste tema, vimos a aprendizagem de adaptações à situação e ao interlocutor, assim como a dificuldade de compreender certos significados (ironia, contrafactuais, exageros).