4 a 5 anos Vocabulário
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Aprende de muitas maneiras

As crianças usam diferentes recursos e tipos de pistas para compreender o que se diz e para incorporar novas palavras.
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Parece que advinham os significados novos

As pistas sintáticas presentes na fala do adulto e o contexto em que o discurso ocorre ajudam a criança na interpretação de novos significados

Já sabe o que vou dizer!

Como a criança antecipa o que o adulto irá dizer?

Mãe: Quer um pouco de... Isso! Leite! Mãe: Muitas vezes adivinha a que estou me referindo

Entre duas possibilidades, a criança prevê a correta

Vamos entender por que isso acontece

Hoje, uma amiga mexicana trouxe muitos doces e uma água de Jamaica. Eu disse: “Quer um pouco de água de Jamaica” (não estava apontando). Ele afasta o copo e diz “não, obrigado”. Amiga: Que esperto! Se deu conta de que “um pouco de” não poderia se referir aos doces.

A criança compreende novos significados

Contexto e pistas sintáticas servem como indicadores

Como fazem isso? Os especialistas dizem: Na idade de Ruth, para compreenderem o significado, as crianças se fixam no contexto real e também nas pistas sintáticas. Clique e explore as diferentes pistas sintáticas.
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Se você não entender, me pergunta.

A convivência em um ambiente letrado, a participação em momentos de leitura e a escolaridade são alguns fatores que propiciam oportunidades para a aprendizagem de novas palavras pela criança

A criança pergunta pelos significados das palavras

É comum fazer esse tipo de pergunta nessa idade

TV: Você não ficou irritado com esse absurdo? C: O que quer dizer “irritado”? Mãe: Quer dizer quando você fica com raiva...

O que é? O que quer dizer?

As diferentes formas da criança perguntar

Se não compreende, Ruth me pergunta! Os especialistas dizem: As perguntas sobre o significado tomam diferentes formas: O que quer dizer X? Geralmente quando a palavra está no meio de um enunciado. O que significa X? O que é um X? Geralmente, quando se pergunta por uma palavra isolada. A resposta explícita sobre o significado de uma palavra em relação a outras palavras, chama-se definição.

A criança espera por definições

Nomear é diferente de definir

Quando era menor já perguntava “o que é um X?”. Eu quase sempre respondia apontando: “é isso”. Os especialistas dizem: Claro! Não pedia uma definição, perguntava o que era que você estava nomeando. Nomear está relacionado com os conceitos, e definir, com as categorias. As definições têm uma forma convencional: “um X é um Y”, onde Y é um hiperônimo (um termo de uma categoria superior) e mais uma diferença específica. Por exemplo: Um carvalho é uma árvore que dá bolotas.

As referências vão dando lugar às definições

A partir dos quatro anos as crianças começam a aprender por definições

Parece que eu misturo o nomear e o definir... Os especialistas dizem: A maioria dos estudos concorda que a sensibilidade às definições começa entre 4 e 5 anos e se desenvolve mais tarde. Nessa idade, as crianças começam a entender e aprender a partir das definições. Tanto as crianças como os adultos quando falam com elas misturam a definição com a referência a seres, objetos e/ou situações compartilhadas com o interlocutor. Por exemplo: − O que é um carvalho? − É uma árvore, como aquela que está na entrada do colégio.

A leitura de histórias contribui para a aprendizagem de novas palavras

Momento em que a criança pergunta sobre novos termos

Faz mais perguntas quando eu leio histórias para ela. Os especialistas dizem: Nas histórias, há muitas palavras novas para as crianças. As histórias geram muitas ocasiões para perguntar sobre significados e para usar definições. A aprendizagem da leitura e da escrita, um ambiente familiar letrado e a escolaridade são fatores que influenciam no desenvolvimento da compreensão e do uso das definições. Todo mundo aprende com as definições!
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Às vezes não pergunta

A criança utiliza indícios para compreender o que se diz e incorporar novas palavras ao seu vocabulário

O adulto espera a pergunta da criança

Diante de uma palavra que lhe é desconhecida

Pai: “O menino era pobre, usava sapatos velhos e roupas surradas...”

A criança compreende o significado da palavra pelo contexto

Contextos sintáticos ajudam na compreensão de novas palavras

Às vezes, quando leio um trecho da história onde há uma palavra que sei que Ruth não sabe, ela não pergunta. Os especialistas dizem: Porque, nessa idade, também podem usar o contexto linguístico para inferir o significado. Em algumas ocasiões, o contexto quase expressa uma definição e a linguagem sintática também ajuda. Por exemplo, em um livro pode aparecer: - O índigo, um corante azul extraído das plantas... - As frutas que necessitamos são maçãs, kiwis, peras... - As veias, os côndutos por onde o sangue circula... - Os crustáceos, como o caranguejo e os camarões... São contextos sintáticos que ajudam na compreensão.

A criança infere significados

Uma compreensão por aproximação

Mas, ela entende bem o significado? Os especialistas dizem: A compreensão do significado das palavras, muitas vezes, é aproximada. Quando as crianças aprendem uma palavra nova, frequentemente a empregam em diferentes contextos, tanto para se lembrarem dela quanto para comprovarem se está adequada.

As crianças testam a palavra que aprenderam em diferentes contextos

Um jeito de lembrar e comprovar significados

C: Está surrado! Mãe: Não está surrado, está quase novo. Sua irmã pode aproveitá-lo!
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Também inventa palavras

A criança inventa palavras a partir de elementos que se repetem com frequência na linguagem

A criança inventa palavras...

A partir de estruturas conhecidas

C1: Amarrar. C2: Desamarrar. C1: Vestir. C2: Desvestir.

Compreender, aprender e gerar palavras novas

A criança reproduz elementos que observa na composição das palavras

Também inventa palavras. Os especialistas dizem: São cada vez mais capazes de captarem a composição das palavras (as línguas românicas têm muitos sufixos e prefixos). Isso lhes permite compreender, aprender e gerar palavras novas. Exemplo: Desatar Desabotoar Despôr Desbrigar

A criança compreende e aprende a partir das formas das palavras

O uso de sufixos e prefixos nas expressões da criança

Como isso acontece? Os especialistas dizem: Compreendem e aprendem a partir das formas das palavras: • Se ouvem pela primeira vez a palavra descosturar, provavelmente compreenderão que se trata do contrário de costurar. • Se já conhecem algumas palavras terminadas em “eiro” ou “eira”, como padeiro, relojoeiro e merendeira, será mais fácil que compreendam outras novas com a mesma terminação: sorveteiro, pipoqueiro, faxineira, etc.

A criança se apropria cada vez mais dos elementos da linguagem

A partir do que conhece sobre a língua, cria palavras autênticas

Os especialistas dizem: Há algum tempo já são capazes de formar: • plurais; • feminino e masculino; e • aumentativos e diminutivos. Agora começam a formar palavras com prefixos e sufixos de uso frequente. Por exemplo, se veem um trailer e não sabem nomeá-lo, possivelmente dirão que viram um “supercaminhão”.
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Tem dificuldade de entender o sentido figurado

Entre 4 e 5 anos, a criança amplia consideravelmente o seu repertório de palavras conhecidas, mas ainda não entende o sentido figurado de expressões que lhe são pouco comuns

A criança não compreende o sentido figurado

Faz interpretações literais das expressões

C: Tem olhos de coruja! Ruth: Como ele franze o nariz!

“Olhos de coruja”, “franzir o nariz”, “comer com os olhos”

Aos 4 anos a criança ainda não é capaz de compreender o significado global de expressões pouco comuns

Não entende algumas expressões. Se digo:

“Por favor”, “obrigado”, “até logo”

As expressões de cortesia já são compreendidas globalmente

C1: Por favor! C2: Bom apetite! C3: Até logo. Os especialistas dizem: As crianças aprendem expressões de cortesia sem analisarem o significado de cada uma das palavras, mas quando as expressões não são muito comuns as interpretam no sentido literal e não no sentido figurado.

Compreendendo o sentido figurado

Um processo que envolve muitas aprendizagens

C1: Ele tirou o coração e está segurando com a mão! N: Realmente! Com o coração na mão! Os especialistas dizem: Para compreenderem o sentido figurado é necessário que saibam: • que existem significados dominantes e periféricos; • utilizar a informação proveniente do contexto; • entender as palavras e a intenção; e • que nem sempre o dito e o significado coincidem intencionalmente. Aos 5 anos, as crianças só compreendem algumas expressões figuradas de uso cotidiano em seu ambiente. Por exemplo, Não tô nem aí.

Contexto, intenção e linguagem

Muitas variáveis para desvendar o sentido da linguagem figurada

Em resumo: Entre os 4 e os 5 anos, as crianças adquirem muitas ferramentas para inferir, compreender e aprender novas palavras. Essas ferramentas são: • seguir as pistas sintáticas e morfológicas; • inferir, a partir do contexto linguístico; e • perguntar pelo significado. Com tudo isso, ainda é difícil para elas entenderem simultaneamente o contexto, a intenção e a linguagem e compreenderem as frases e expressões em sentido figurado. Para ampliar, vá para 1.5 “Novos usos de linguagem” e veja Frases feitas.